O aumento do dólar, a alta nos preços das commodities e uma economia aquecida explicam em grande parte a alta da inflação no Brasil em 2024. Na sexta-feira (10 de janeiro), o Banco Central divulgou uma carta explicando o motivo pelo qual o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapassou o teto da meta no ano passado, atingindo 4,83%.
Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu a meta de inflação em 3%, com uma faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significava que a inflação poderia ter chegado a até 4,5% sem que o Banco Central precisasse enviar uma carta explicativa ao presidente do CMN, que supervisiona o sistema de metas de inflação.
De acordo com o documento, os principais fatores responsáveis pelo desvio de 1,83 ponto percentual em relação à meta de 3% foram a inflação importada, os efeitos de ‘carryover’ do ano anterior, o fato de a economia ter operado acima da sua capacidade e as expectativas de inflação.
Dentro da categoria de inflação importada, o principal impulsionador foi a valorização do dólar, seguida pelo aumento nos preços das commodities. O Banco Central destacou que as commodities não contribuíram de forma mais significativa para o desvio da meta principalmente porque os preços internacionais do petróleo caíram 5,4% no ano passado, o que reduziu o desvio em relação ao centro da meta em 0,59 ponto percentual.
Depreciação da taxa de câmbio
Em relação ao dólar, a carta do Banco Central atribuiu a maior parte da depreciação da taxa de câmbio a fatores internos. O documento destaca que o real brasileiro se depreciou de forma mais significativa (19,7%) em 2024 do que as principais moedas de outros mercados emergentes. No mesmo período, a lira turca caiu 16,8%, o peso mexicano 15,3%, o peso chileno 10,9% e o peso colombiano 10%.
“Internamente, a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal influenciou significativamente os preços dos ativos e as expectativas, particularmente o prêmio de risco, as previsões de inflação e a taxa de câmbio”, afirmou o Banco Central em sua carta.
Mercado doméstico
Embora os fatores externos tenham sido predominantes, o Banco Central observou que “a forte atividade econômica, que superou as expectativas ao longo do ano, também contribuiu para que a inflação ultrapassasse a faixa de tolerância”. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,3% no ano até o terceiro trimestre de 2024, e o banco projeta crescimento de 3,5% para o ano completo.
De acordo com o banco, a taxa de desemprego historicamente baixa também contribuiu para a pressão inflacionária. Em novembro, a taxa de desemprego, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atingiu 6,5%, o menor nível já registrado.
Fonte: Agência Brasil