BACC TRAVEL

Se você assistiu ao debate presidencial entre Kamala Harris, candidata democrata e Donald Trump, candidato republicano, na noite de terça-feira (10), esperando ouvir as propostas de cada um para o país, com certeza perdeu o seu tempo.

Harris tinha outra estratégia: explorar a maior fraqueza do seu oponente. Não o seu histórico, incluindo os vários processos que responde na Justiça, ou suas políticas divisivas e preconceituosas; muito menos suas declarações inflamatórias, na maioria das vezes, baseadas em dados e argumentos falsos.

Em vez disso, ela mirou em algo mais significativo para o ex-presidente: o ego.

Harris decidiu ridicularizar Trump em rede nacional. Ela o atacou e ele, na maior parte do tempo, se defendeu. Ela o tirou da sua zona de conforto. Ele pareceu irritado e até mesmo nervoso em alguns momentos.

Harris questionou o tamanho e a lealdade das multidões nos comícios de Trump, afirmando que as pessoas saem no meio do discurso entediadas. Ela disse que os líderes mundiais o chamam de “desgraça”. E ela alegou que a fortuna do candidato republicano foi construída por seu pai, indo contra o histórico defendido por Trump, que se orgulha de ser ‘um homem que se fez sozinho’.

O ex-presidente foi obrigado a lembrar aos americanos o seu papel em episódios que muitos prefeririam esquecer: a pandemia mortal e devastadora do Covid, a sua recusa em aceitar os resultados da eleição de 2020, o ataque ao Capitólio dos EUA e a queda de Roe v. Wade, a decisão da Suprema Corte que eliminou a proibição ao aborto no país.

Mas o ponto alto do debate foi quando Trump defendeu uma falsa alegação de que imigrantes em Ohio estão comendo cães e gatos de vizinhos, naquela sua velha tentativa de demonizar os imigrantes, sobretudo os que vem pela fronteira.

Harris reagiu sorrindo, aparentemente incrédula de que o seu oponente teve coragem de falar tamanho absurdo em rede nacional. Os moderadores da ABC rapidamente enfatizaram que a fala de Trump sobre os imigrantes já havia sido declarada completamente falsa pelo prefeito de Ohio.

E O País Continua Indeciso 

Em um país tão fraturado e polarizado, ainda não está claro como o debate pouco produtivo pode alterar a corrida presidencial de 2024.

Por um lado, Harris perdeu a chance de expor seus planos para a nação e explicar propostas polêmicas, como o aumento de impostos para os super ricos. Quem não conhecia seu histórico político, foi dormir ontem da mesma forma que acordou. Desde o momento em que cruzou o palco para apertar a mão de Trump, a candidata democrata deixou clara a sua intenção de transformar uma noite que deveria ser sobre ela em um referendo sobre ele.

Para muitos especialistas políticos, a atual vice-presidente venceu o debate por ter encurralado Trump e tê-lo obrigado a tratar de assuntos que ele preferiria não mencionar. Outros destacaram que ela se apresentou como a candidata de uma nova geração, mostrou discursar de forma objetiva e coerente, uma crítica que os oponentes fazem a ela, e demostrou conhecimento dos assuntos que foi questionada.

Até mesmo aliados de Trump admitiram, a contragosto, que a estratégia de Harris de tentar desequilibrar Trump foi eficaz.

Ele perdeu a oportunidade de apontar as fraquezas de Harris e do atual governo democrata. Com exceção de imigração, Trump não atacou o alto custo de vida durante o governo Biden, não mencionou as divergências da democrata na política energética, não a descreveu como ‘muito liberal’ para eleitores em estados indecisos, entre outras questões.

Segundo a campanha de ambos os candidatos, parece que não haverá outro debate entre eles. Há menos de dois meses das eleições presidenciais, caberá a cada eleitor fazer suas próprias pesquisas e tirar suas próprias conclusões.

Como fez Taylor Swift, que na noite de ontem, após o debate, declarou em suas mídias sociais, seu apoio a Kamala Harris. A cantora pop, que tem mais de 283 milhões de seguidores, assinou a postagem chamando a si mesma de “childless cat lady” (senhora gata sem filhos), aludindo a uma frase usada anteriormente pelo senador JD Vance, companheiro de chapa de Trump, para criticar a candidata democrata, que não tem filhos.

Fontes: The New York Times e CNN

Deixe um comentário

The Brasilians