Daniel Alves, que foi condenado a quatro anos e meio de prisão no mês passado, será libertado mediante pagamento de fiança de 1 milhão de euros.
Ele está em prisão preventiva desde janeiro de 2023.
Ele foi considerado culpado de estuprar uma mulher em uma boate de Barcelona em dezembro de 2022.
O advogado da vítima classificou a decisão como “um escândalo”.
As condições para sua libertação incluem a entrega de seus passaportes brasileiro e espanhol para que ele não possa sair da Espanha. Ele também deve comparecer ao tribunal semanalmente.
O tribunal impôs ainda uma ordem de restrição, impedindo-o de se aproximar da vítima.
A decisão foi tomada um dia depois de o advogado de Alves ter solicitado a sua libertação, alegando que ele já tinha cumprido um quarto da pena em prisão preventiva após a sua detenção.
A decisão, que não foi unânime devido ao voto divergente de um dos desembargadores, ainda cabe recurso.
A advogada da vítima, Ester Garcia, disse: “Para mim, é um escândalo que eles deixem uma pessoa que eles sabem que pode obter um milhão de euros em pouco tempo sair em liberdade”.
Garcia disse à rádio RAC1 que estava “indignada e insatisfeita” com a decisão, acrescentando que era “um (sistema) de justiça para os ricos”.
Os advogados de Alves ainda não se manifestaram.
Durante o julgamento do mês passado, os promotores disseram que Alves e seu amigo compraram champanhe para três jovens antes de Alves atrair uma delas para o banheiro da área VIP da boate.
Eles argumentaram que foi nesse momento que ele se tornou violento, forçando a mulher a fazer sexo, apesar dos repetidos pedidos dela para ir embora.
Alves afirmou que ela poderia ter saído “se quisesse”. No entanto, o tribunal concluiu que ela não consentiu.
A lei espanhola foi alterada recentemente para consagrar a importância do consentimento sob o chamado princípio “Só Sim é Sim”.
Num comunicado, o tribunal disse que havia outras provas além do depoimento da vítima que provavam que ela havia sido estuprada. Afirmou ainda que Alves “agarrou abruptamente a reclamante” e a jogou no chão. Ele então a estuprou enquanto a impedia de se mover.
A mulher disse que a violação lhe causou “angústia e terror”, e uma das suas amigas que estava com ela naquela noite descreveu como a jovem de 23 anos chorou “incontrolavelmente” depois de sair do banheiro.
Alves mudou seu depoimento em diversas ocasiões.
Ele primeiro negou conhecer sua acusadora e alegou mais tarde que a conheceu no banheiro, mas que nada havia acontecido entre eles.
Ele então mudou novamente sua versão dos acontecimentos, dizendo que eles haviam feito sexo consensual. “Estávamos ambos nos divertindo”, alegou.
Alves jogou mais de 400 vezes pelo Barcelona, ganhando seis títulos da liga e três Ligas dos Campeões em duas passagens pelo clube. Ele também fez parte da seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 2022.
Ele ganhou troféus jogando pelo Sevilla, Juventus e PSG e está entre os jogadores mais internacionalizados pelo Brasil, com 126 partidas.
Fonte: BBC