Citando uma onda de imigrantes da Venezuela, Haiti, Cuba e de todo o mundo que se deslocam através da Costa Rica com destino aos Estados Unidos, o país centro-americano declarou “estado de emergência” e intensificou as deportações.
“As pessoas estão atravessando a Costa Rica tentando chegar aos Estados Unidos, basicamente”, disse o presidente Rodrigo Cháves esta semana.
Vista como um dos países mais amigáveis ao longo de um percurso migratório de 11 mil quilômetros e 11 nações que pode começar no Brasil e terminar na fronteira entre os EUA e o México, a Costa Rica vem assistindo recentemente a um aumento dramático da imigração. Esse aumento está esgotando recursos e levando a um aumento da criminalidade, segundo autoridades.
Na terça-feira (26), o Escritório das Nações Unidas para as Migrações Internacionais confirmou que houve um aumento “sem precedentes” de imigrantes em trânsito pela região e apelou aos governos da América Central e do México para que colaborem para lidar com as necessidades humanitárias.
O Serviço Nacional de Migração do Panamá relatou um número recorde de imigrantes que cruzaram a perigosa selva de Darién vindos da Colômbia este ano. Até 23 de setembro, quase 400 mil pessoas viajaram pela selva este ano, atravessando aquela que é considerada uma das rotas migratórias mais traiçoeiras do mundo. Só em agosto, 82 mil migrantes atravessaram o local, o número mensal mais elevado já registado, segundo as Nações Unidas. A maioria dos imigrantes saem da Venezuela, Equador e Haiti.
Juntamente com um número recorde de crianças, a selva de Darién também registra um aumento notável de cidadãos chineses, afegãos e nepaleses.
Até o mês de setembro mais de 60 mil pessoas cruzaram Paso Canoas, a cidade costarriquenha que faz fronteira com o Panamá. O número de imigrantes foi mais de três vezes a população da cidade, de menos de 20 mil pessoas, disse Jorge Rodríguez, vice-ministro da presidência.
Calcula-se que a Costa Rica tem recebido 2,500 imigrantes ou mais por dia desde agosto. Cerca de 1% dos que entram na Costa Rica optam por ficar em vez de continuar a viagem para o México, onde não há garantia de que serão autorizados a entrar nos Estados Unidos.
A presença dos imigrantes “gera uma enorme pressão sobre a população e essa comunidade tem exigido soluções”, disse Rodríguez na conferência de imprensa ao lado do presidente Cháves.
No início deste ano, o governo dos EUA lançou várias iniciativas para tentar conter o fluxo de imigrantes na fronteira entre os EUA e o México, incluindo um programa de liberdade condicional humanitária para cidadãos de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Haiti. O programa permite que indivíduos dos quatro países trabalhem e vivam nos Estados Unidos por um período de dois anos, desde que passem por uma verificação de antecedentes criminais e tenham um patrocinador financeiro.
A administração de Biden considerou os programas eficazes na redução do número de imigrantes na fronteira, mas os críticos dizem que o programa, que está sendo contestado legalmente por aqueles que afirmam tratar-se de um excesso dos poderes do presidente, não travou o fluxo e o número de pedidos de asilo continua crescendo.
Fonte: Miami Herald