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Em menos de 24 horas, Gusttavo Lima, um dos mais famosos e ricos cantores sertanejos do Brasil, cantou em um rodeio no interior de São Paulo, assistiu à apresentação de Akon no festival Rock in Rio, voou para Miami — e se tornou alvo de um mandado de prisão por suspeita de lavagem de dinheiro.

O mandado de prisão foi revogado pelo juiz Eduardo Guilliod Maranhão, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, argumentando que “as justificativas utilizadas para decretar a prisão preventiva e para a imposição de outras medidas cautelares são meras presunções inapropriadas e considerações genéricas”.

Mas a tentativa de prender a estrela do sertanejo chamou a atenção para um aumento repentino em jogos de azar online não regulamentados, que vêm se tornando uma crescente dor de cabeça e um problema de saúde pública para o Brasil.

Segundo reportagem do The Guardian, as empresas de jogos de azar online cresceram exponencialmente desde a pandemia da Covid-19 no Brasil, muitas delas ligadas a empresas internacionais e grupos criminosos locais.

O jornal destaca que novas regras para regular o jogo online entrarão em vigor em 1º de janeiro, mas especialistas alertam que as regulamentações serão insuficientes para combater o que muitos estão chamando de “epidemia” de vício em jogo online no Brasil.

Uma série de estudos recentes expôs a escala do problema: além de se endividar, mais brasileiros estão usando dinheiro que gastariam em entretenimento ou mesmo comida para apostar online, e um número crescente está desistindo de se inscrever nas universidades pelo mesmo motivo, segundo a publicação.

A crise já foi sentida no Gamblers Anonymous, um programa de recuperação para pessoas viciadas em jogos de azar. Somente nos últimos 12 meses, grupos foram formados em mais de sete cidades, incluindo a primeira na Amazônia.

O The Guardian observa que, o jogo online foi legalizado no final do governo de Michel Temer em 2018, mas nenhuma regulamentação foi implementada durante o mandato de quatro anos de Jair Bolsonaro.

O governo Lula aprovou regulamentações no final de 2023, dando às empresas um ano para cumprir. Mais de 100 empresas se registraram para pagar uma taxa de licença de cinco anos de R$ 30 milhões.

O jornal enfatiza que a regulamentação é excessivamente focada nas questões fiscais, mas não trata a questão do vício das pessoas, que é um assunto de saúde pública.

O Ministério da Fazenda, que supervisiona o mercado de jogos de azar, informou que campanhas de educação pública serão lançadas para alertar o público sobre o impacto que os jogos de azar podem ter as saúde e finanças pessoais.

Fonte: The Guardian 

 

 

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