O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse na quarta-feira (1) que está enviando as forças armadas para aumentar a segurança em alguns dos aeroportos, portos e fronteiras internacionais mais importantes do país, como parte de um esforço renovado para combater o crime organizado no maior país da América Latina.
A decisão ocorre dias depois que membros de uma gangue criminosa incendiarem dezenas de ônibus no Rio de Janeiro, aparentemente em retaliação pela polícia ter matado o sobrinho do seu líder.
Chegamos a uma situação muito grave”, disse Lula em entrevista coletiva em Brasília após a assinatura do decreto. “Então tomamos a decisão de que o governo federal participe ativamente, com todo o seu potencial, para ajudar os governos estaduais, e o próprio Brasil, a se livrar do crime organizado”.
O Brasil vai mobilizar 3.600 membros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para aumentar as patrulhas e monitorar os aeroportos internacionais do Rio e de São Paulo, bem como dois portos marítimos no Rio e o porto de Santos, em São Paulo, o mais movimentado da América Latina – e um importante centro de exportação de cocaína.
A implantação faz parte de um plano mais amplo do governo que inclui aumentar o número de forças policiais federais no Rio, melhorar a cooperação entre as agências responsáveis pela aplicação da lei e aumentar o investimento em tecnologia de ponta para coleta de inteligência.
As autoridades estaduais e federais disseram nas últimas semanas que querem “sufocar” as milícias bloqueando os seus recursos financeiros.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que as medidas anunciadas na quarta-feira fazem parte de um plano que está sendo desenvolvido desde que Lula assumiu o cargo em 1º de janeiro, e o resultado de meses de consultas com forças policiais, autoridades locais e especialistas em segurança pública.
A escalada da violência no Rio
A última onda de agitação no Rio começou em 5 de outubro, quando assassinos mataram três médicos em um bar à beira-mar, confundindo um deles com membro de uma milícia. As poderosas milícias da cidade surgiram na década de 1990 e eram originalmente formadas principalmente por ex-policiais, bombeiros e militares que queriam combater a ilegalidade em seus bairros. Começaram a cobrar dos residentes proteção e outros serviços, mas mais recentemente passaram eles próprios para o tráfico de droga.
Desde então, tem havido uma pressão crescente para que os governos estadual e federal elaborem um plano e demonstrem que têm controle sobre a segurança pública da cidade cartão-postal do país.
No dia 9 de outubro, dias depois da morte dos médicos, o governo do estado do Rio enviou centenas de policiais para três dos maiores bairros de baixa renda da cidade.
E em 23 de outubro, a polícia do Rio matou Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão, membro e sobrinho do líder de uma milícia. Numa clara demonstração de desafio, os criminosos incendiaram pelo menos 35 ônibus.
Na quarta-feira, a Polícia Federal do Rio disse ter prendido outro líder de milícia e membros importantes da milícia que controla Rio das Pedras e Barra da Tijuca, regiões próximas à área onde ocorreram os incêndios. Eles disseram que apreenderam vários carros luxuosos e à prova de balas, bens e dinheiro.
Fonte: AP