Em sua primeira entrevista – concedida ao The Wall Street Journal – desde que deixou o Brasil e a presidência em 30 de dezembro de 2022 e se abrigou em Orlando, na Flórida, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que planeja retornar ao Brasil no próximo mês para liderar a oposição.
As declarações ocorrem no momento em que o ex-presidente, que não goza mais de imunidade presidencial, está sendo investigado por vários casos, inclusive por incitação a invasão dos prédios do governo ocorridas em 8 de janeiro em Brasília.
“O movimento de direita não está morto e vai viver”, disse Bolsonaro a publicação, deixando claro os seus planos de liderar a oposição contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu por diferença de poucos votos o segundo turno das eleições realizadas no ano passado.
Bolsonaro disse que pretende unir forças com seus aliados no Congresso para pressionar pela liberalização econômica, restringir o direito ao aborto e lutar contra o controle de armas. Enquanto um aliado de Lula está à frente do Senado, a Câmara está repleta de apoiadores de Bolsonaro e é liderada por um dos aliados do ex-presidente.
Na entrevista, Bolsonaro – que, antes da eleição, havia levantado dúvidas sobre o sistema de votação eletrônica do país – ofereceu uma opinião mais suavizada sobre sua derrota. “Perder faz parte do processo eleitoral”, disse ele ao The Wall Street Journal, acrescentando: “Não estou dizendo que houve fraude, mas o processo foi tendencioso”.
Bolsonaro também deixou claro que não acredita que a invasão de 8 de janeiro tenha sido uma tentativa de golpe. “Golpe? Que golpe? Onde estava o comandante? Onde estavam as tropas? Onde estavam as bombas? questionou o militar aposentado, que não acredita que deva ser responsabilizado pelos ataques, pois “nem estava lá”.