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O ex-presidente Jair Bolsonaro retornou ao Brasil na manhã desta quinta-feira (30) após um período de três meses nos Estados Unidos, quando perdeu as eleições para o atual presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva.

Ele volta em meio a uma série de investigações e corre o risco inclusive de ser preso se for considerado culpado por espalhar alegações infundadas de que o sistema eleitoral do Brasil foi fraudado (análises de especialistas em segurança independentes mostraram que não houve fraude nas eleições presidenciais de 2022).

A Suprema Corte do Brasil também já disse que pretende investigar Bolsonaro para apurar a participação do ex-presidente, mesmo que indireta, na invasão e saqueamento do Congresso em Janeiro passado.

Em sua primeira entrevista assim que desembarcou no Brasil, Bolsonaro defendeu seus apoiadores e mencionou uma teoria que se espalha entre o grupo de que os atos de violência ocorridos em janeiro não foram perpetrados por seus seguidores.

“Em todos os movimentos que nosso povo participou, e foram vários ao longo de todos esses anos, você não via uma lata de lixo queimada, uma janela quebrada. Nada. As pessoas iam com suas famílias, com seus filhos”, disse ele a Jovem Pan. “Nosso povo não fez, a meu ver, nada contra a lei.”

Bolsonaro também defendeu a pressão de seus aliados por um inquérito do Congresso sobre se os protestos foram infiltrados e disse que atos de violência contra prédios federais em Brasília foram “organizados algumas horas antes” de acontecerem. Ele acusa o governo de tentar impedir o inquérito, insinuando que estão tentando esconder alguma coisa.

O clima político no Brasil tem estado tenso desde a partida de Bolsonaro, com muitos dos seus aliados pedindo seu retorno.

Durante sua estadia nos Estados Unidos, Bolsonaro se reuniu com ativistas e especialistas conservadores, aparecendo em vários eventos, desde a Conferência de Ação Política Conservadora até a abertura de uma lanchonete.

No aeroporto de Brasília, na manhã desta quinta-feira, dezenas de apoiadores se reuniram no portão de desembarque para cumprimentar Bolsonaro. Agentes da Polícia Federal, contudo, determinaram que o ex-presidente e sua equipe usassem uma saída separada por questões de segurança.

A comitiva de Bolsonaro o levou à sede do Partido Liberal, onde se reuniu com políticos de direita de alto escalão, familiares e alguns de seus aliados mais fiéis.

Em um breve discurso para legisladores conservadores, Bolsonaro saudou a Flórida como um modelo para o Brasil. O governador e os legisladores republicanos do estado têm avançado com uma agenda bastante conservadora sobre armas, educação e outras questões.

Nosso sonho é seguir esse estado norte-americano em muitas das coisas boas que ele tem por lá”, disse Bolsonaro. “A grande maioria das ações são benéficas. Esse é o estado brasileiro que deu certo.”

Ele acrescentou: “Tudo o que existe lá é o que queremos implementar aqui também: liberdade de expressão, propriedade privada, a questão da criminalidade, o legítimo direito de autodefesa. O mais importante é a liberdade para as pessoas trabalharem, se expressarem e seguirem com a vida.”

Bolsonaro deve tomar posse na próxima semana como presidente honorário do Partido Liberal, a principal força de oposição no Congresso ao governo de Lula.

“Não vou liderar nenhuma oposição”, disse ele à CNN Brasil em entrevista publicada na quarta-feira (29), acrescentando que simplesmente “participaria do meu partido” e que o governo de Lula seria prejudicado por suas próprias falhas.

Fonte: The New York Times

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