Enquanto as viagens domésticas estão começando a retornar aos níveis pré-pandêmicos nos Estados Unidos, o número de visitantes internacionais está diminuindo. As chegadas internacionais no país em 2022 caíram quase 40% em relação aos níveis pré-pandêmicos, de acordo com dados do Escritório Nacional de Viagens e Turismo, parte do Departamento de Comércio norte-americano.
Um dos motivos que acredita-se estar por trás da redução do turismo internacional é a longa fila de espera para emissão de visto de turismo e negócios nos consulados e embaixadas americanas em diversas partes do mundo.
Brasil, Índia, México e Colômbia – onde os candidatos ao visto estão enfrentando os piores atrasos – estão entre as principais fontes de visitantes internacionais para os Estados Unidos, de acordo com dados do National Travel and Tourism Office.
Candidatos do Brasil e do México precisam esperar mais de um ano para fazer a entrevista necessária para tirar o visto. Na Colômbia, a espera se estende até 2025.
Em 2020, os consulados dos EUA em todo o mundo fecharam suas operações e pararam de processar pedidos à medida que o coronavírus se espalhava. Quando os pedidos começaram a chegar novamente, os funcionários se viram sobrecarregados.
“Mesmo antes da pandemia, países como Brasil, Colômbia, México, Índia eram nossas maiores operações no mundo. Por isso, aumentamos o número de funcionários nesses locais”, disse Julie M. Stufft, subsecretária adjunta para serviços de vistos, em entrevista ao The New York Times. “Emitimos mais vistos de turista no ano passado em lugares como México e Brasil do que antes da pandemia. Este ano, isso acontecerá na Índia”.
O Departamento de Estado disse que pretende atingir os níveis pré-pandêmicos de funcionários nos consulados dos EUA no exterior até o final de setembro.
Enquanto isso o governo vem tomando medidas para amenizar os atrasos. Por exemplo, no ano passado, o Departamento de Estado dispensou a exigência de entrevista para aqueles que tiveram visto nos últimos dois anos.
Pressão da indústria de turismo
Os visitantes internacionais contribuíram com US$ 239 bilhões para a economia dos EUA antes da pandemia. Isso caiu para US$ 83 bilhões em 2021, de acordo com os últimos dados disponíveis do Escritório Nacional de Viagens e Turismo.
A indústria de turismo está pressionando o governo a fazer mais sobre os atrasos.
“Temos pessoas que querem vir e gastar seu dinheiro aqui e estamos basicamente colocando na frente delas uma placa de ‘Mantenha-se afastado’. Estamos basicamente dizendo que a América está fechada para negócios para esses viajantes. E isso é notavelmente prejudicial”, disse Geoff Freeman, chefe da Associação de Turismo dos EUA, ao The NY Times.
O Congresso também se envolveu no caso. Um grupo bipartidário de seis senadores escreveu uma carta em fevereiro ao Bureau of Consular Affairs, pedindo que a questão dos atrasos nos vistos fosse abordada.
“Enquanto mais visitantes de todo o país estão vindo para Nevada e ajudando nossa indústria do turismo a se recuperar, os números de visitas internacionais continuam atrás dos níveis pré-Covid. Temos mais trabalho a fazer para trazer de volta os turistas internacionais”, disse Jacky Rosen, democrata de Nevada, que chefia o subcomitê de turismo do Senado, e uma das legisladoras que assinou a carta.
Bruno Da Costa, que lidera a Global Leaders Experience, empresa brasileira que mantém um programa de experiência para executivos C-suite, diz que em cada uma das duas a três viagens aos Estados Unidos que o programa realiza a cada ano, 40 a 50 executivos visitam empresas, participam de eventos de networking e exploram cidades em seu tempo livre.
“Se a fronteira está fechando, precisamos nos adaptar e redirecionar nossos participantes para outro país”, disse Da Costa ao The NY Times.
Ele está enviando o próximo grupo de executivos para Israel e Dubai.
Fonte: The New York Times