Nos últimos dias, o famoso muralista brasileiro Eduardo Kobra, 47, trabalhou dia e noite para terminar até 15 de setembro um novo mural de 45 x 78 pés (3.606 pés quadrados) em uma das paredes externas da sede das Nações Unidas, em Nova York. O muro está situado na E 42nd St e 1st Ave. Segundo Kobra, é a primeira vez que a ONU autoriza uma intervenção artística nas paredes externas de seu complexo em 70 anos de existência.
A iniciativa inédita de levar a arte de rua para o muro da ONU foi aprovada pelo Comitê da ONU, que reconheceu que a arte de Kobra “está de acordo com os ideais das Nações Unidas”.
O mural chega em um momento muito importante. A septuagésima sétima sessão da Assembleia Geral da ONU acontece de 13 a 27 de setembro sob o tema “Um momento divisor de águas: soluções transformadoras para desafios interligados”. Representantes de 193 países, a maioria líderes mundiais, discutirão temas como reconstrução pós-Covid, guerra na Ucrânia, sustentabilidade e direitos humanos.
“Após receber o convite, pesquisei o tema da Assembleia Geral e percebi que ele converge com questões que cada vez mais fazem parte do meu trabalho, principalmente a sustentabilidade. Então, criei uma arte em que um pai entrega a Terra à filha, tentando contribuir para a reflexão sobre qual planeta queremos deixar para as próximas gerações”, explica o artista.
Nascido em 1975 em São Paulo, Kobra tornou-se um dos muralistas mais reconhecidos da atualidade, com obras nos 5 continentes.
Desde os Jogos Olímpicos do Rio em 2016, ele detém o recorde do maior mural de grafite do mundo – primeiro com ‘Etnias’, pintado para comemorar o evento, com 2.500 metros quadrados; marca superada por ele mesmo em 2017, com uma obra em homenagem ao chocolate que ocupa um paredão de 5.742 metros quadrados às margens da Rodovia Castello Branco, na Região Metropolitana de São Paulo.
Uma de suas obras mais famosas é ‘O Beijo’, criada em 2012 no High Line em Nova York – apagada quatro anos depois. É uma reinterpretação colorida da imagem feita pelo fotojornalista americano Alfred Eisenstaedt (1898-1995) em 13 de agosto de 1945, quando as pessoas saíram às ruas para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial.
Mas seu primeiro mural fora do Brasil foi em Lyon, na França, em 2011. Na época, ele havia sido convidado para ilustrar um muro em um bairro que passava por um processo de revitalização. Ele usou sua abordagem “Muros da Memória” para ajudar na valorização histórica da região. Desde então, já pintou em países como Espanha, Itália, Noruega, Inglaterra, Malawi, Índia, Japão, Emirados Árabes Unidos, além de várias cidades norte-americanas.
Se você estiver em Nova York, não perca a oportunidade de conhecer o trabalho desse grande artista. O mural na sede da ONU ficará em exibição por cerca de 3 meses, até dezembro de 2022.