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Quando Donald J. Trump ganhou a presidência há oito anos, foi fácil classificar sua vitória como um “acaso”, um “exceção”, um lapso na história política americana.

Mas não desta vez.

Apesar do 6 de Janeiro, do fim de Roe v. Wade e de uma condenação por crime, Trump obteve uma vitória clara e convincente. Até a tarde de quarta-feira (6), as apurações mostravam que ele estava no caminho de vencer todos os sete estados indecisos. Ele obteve ganhos em todos os cantos do país e com quase todos os grupos demográficos.

Trump também está a caminho de se tornar o primeiro republicano a vencer o voto popular nacional nos últimos 20 anos.

Todo mundo sabe que Trump não é um candidato comum. Por isso, sua vitória diz muito mais do que normalmente diria sobre os Estados Unidos hoje. Um criminoso condenado que tentou anular uma eleição normalmente não seria considerado viável em uma eleição presidencial americana. Mas Trump não é apenas viável — ele é convincente.

Por outro lado, os democratas que não estavam em uma posição sólida para vencer esta eleição. Nenhum partido jamais manteve a Casa Branca quando o índice de aprovação do presidente era tão baixo quanto é hoje e quando tantos americanos achavam que o país estava no caminho errado. Os sinais de que os eleitores estavam de mau humor com os democratas estavam por toda parte.

E os sinais da força republicana também se espalharam. Não apenas Trump liderou Biden nas pesquisas iniciais, mesmo com acusações criminais contra ele se acumulando, mas as pesquisas também mostraram os republicanos ultrapassando os democratas na identificação partidária pela primeira vez em duas décadas. Os números de registro de voto republicano aumentaram. Trump estava até ganhando entre os eleitores jovens, negros e hispânicos — grupos historicamente assumidos como anti-Trump.

O triunfo de Trump não é “coisa de americano”. A sua vitória acontece em um contexto de convulsão política no mundo. Na esteira da pandemia e do aumento dos preços, os eleitores em um país após o outro, eleição após eleição, vem votando contra o partido no poder. Mais amplamente, as últimas duas décadas apresentaram a ascensão de partidos populistas de direita e um declínio correspondente da força centro-esquerda entre os eleitores da classe trabalhadora, sobretudo.

Uma reação às mudanças trazidas pelo advento da internet e da globalização? Pode ser. O que importa é que essas eleições deixaram a clara mensagem de que muita, muita gente, está insatisfeita.

E a maior prova disso está nos “estados azuis’. Trump obteve grandes ganhos na cidade de Nova York, onde melhorou sua margem em relação a 2020 em mais de 10 pontos. Na manhã de quarta-feira, Kamala Harris estava a caminho de vencer New Jersey, um tradicional estado democrata, por apenas cinco pontos.

A volta de Donald Trump sinaliza claramente um tipo diferente de país. Se para melhor ou para pior? A história vai mostrar.

Fonte: The New York Times 

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