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O governador republicano da Flórida Ron DeSantis anunciou uma série de propostas abrangentes para as instituições de ensino superior do estado, incluindo a implementação de requisitos básicos de cursos com foco na Civilização Ocidental, eliminando disciplinas focadas na diversidade, equidade e inclusão (DEI) e teoria racial crítica (CRT), e mudando a maneira como o corpo docente titular é revisado pelo estado.

Informações divulgadas pelo gabinete do governador disseram que a proposta de DeSantis visa “elevar ainda mais o discurso civil e a liberdade intelectual no ensino superior, repelindo ainda mais as táticas das elites liberais que suprimem o pensamento livre em nome da política de identidade e doutrinação”.

“Estamos anunciando uma série de propostas para continuar liderando na área de ensino superior”, disse o governador em uma coletiva de imprensa no State College of Florida. “A primeira coisa que vamos propor é que queremos ter certeza de que todos que passam por uma universidade da Flórida tenham que cumprir certos requisitos básicos, que deve ser realmente focado em dar a eles a base para que possam pensar por si mesmos. E o currículo básico deve ser fundamentado na história real, na filosofia real que moldou a Civilização Ocidental; nossas instituições formarão alunos, acho que com diplomas que serão significativos”, completou.

DeSantis mira em seu tópico favorito: áreas do sistema de ensino superior do estado que lidam com diversidade, equidade e inclusão e teoria racial crítica. No início de janeiro, o governo DeSantis solicitou que todas as universidades públicas fornecessem informações sobre iniciativas e gastos associados aos programas do DEI e à teoria racial crítica. DeSantis disse que esses tópicos agem como um “filtro ideológico”.

Dra. Carolynne Gischel, da Universidade da Costa do Golfo da Flórida, reagiu aos planos do governador.

“Não é exagero dizer como é perturbador saber que o governador DeSantis acredita que conceitos como diversidade, equidade e inclusão são questões divisivas. Na verdade, se ele conhecesse a definição de inclusão, entenderia que é o oposto de divisiva”, disse Gischel . “O governador DeSantis está travando uma batalha criada por ele mesmo, e ele sabe disso. Ele está fingindo resolver questões urgentes de ‘doutrinação ideológica’, mas essas questões existem apenas em sua mente.”

“O governador DeSantis realmente acredita que ele sozinho decide o futuro de nossos alunos? Ele realmente acredita que restringir o currículo e negar o acesso a cursos de qualidade beneficia nossos alunos”, continua Gischel. “Ele realmente acredita que a ignorância sobre diversidade, equidade e inclusão beneficia nossas comunidades? Ou o governador DeSantis é movido por sua própria agenda política e marcando pontos com sua base para promover sua carreira política, não importa o custo para nossos alunos e sua educação?”, indaga ela.

DeSantis é um possível candidato a presidência em 2024 pelo partido republicano.

Livros banidos

A reforma na educação na Flórida não está restrita ao ensino superior. O governo de DeSantis assinou uma medida que exige que os recursos de mídia das biblioteca das escolas sejam aprovados por um “funcionário do distrito escolar que possua um certificado válido de especialista em mídia educacional”, de acordo com o Departamento de Educação da Flórida, que divulgou memorandos de orientação em dezembro. A seleção de materiais de biblioteca – incluindo bibliotecas de sala de aula – deve ser “livre de pornografia” e “adequado às necessidades dos alunos e sua capacidade de compreender o material apresentado” e “apropriado para a série e faixa etária”.

“Um professor (ou qualquer adulto) pode ser indiciado criminalmente se distribuir conscientemente material com imagens que retratam conduta sexual, agressão sexual, bestialidade ou abuso sadomasoquista”, adiciona o memorando.

Exibir ou dar aos alunos um livro proibido é um crime de terceiro grau. A condenação é punível com até cinco anos de prisão e multa de US$ 5.000. Alguns acreditam que isso vai afastar professores num estado que já sofre com falta de professores.

Alunos de várias escolas públicas da Flórida retomaram o ano acadêmico em janeiro   encontrando livros nas prateleiras cobertos – e outros livros totalmente proibidos – sob a nova lei estadual.

Até o momento, mais de 50 livros foram banidos das salas de aula e bibliotecas escolares no estado da Flórida.

“Como pai, devo ter o direito de autorizar o meu filho a ler qualquer livro que considero apropriado”, disse Andrew Spar, presidente da Florida Education Association, o sindicato dos professores do estado.

Spar faz parte de um grupo de pais que acredita que este é um caso de exagero do governo.

“Portanto, agora meu filho não tem a oportunidade de ler um livro com o qual possa se conectar, que o deixe entusiasmado e que eu concordaria com a leitura dele”, disse ele. “Não tenho mais essa escolha como pai, porque o governo está dizendo que o livro não é mais permitido.”

Fonte: WGCU and NPR

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