Toda olimpíada tem as suas controvérsias, mas em Paris há um assunto dominando as rodas de conversa: o boxe feminino.
Se trata da acusação de que duas competidoras do boxe feminino não seriam mulheres, o que deixaria a competição injusta e até perigosa, segundo argumentaram algumas lutadoras.
A história começou quando a boxeadora italiana Angela Carini desistiu da sua luta preliminar das oitavas de final contra a argelina Imane Khelif, em 1º de agosto, após apenas 46 segundos no ringue.
Carini argumentou que não poderia competir de igual para igual com uma rival que não seria do sexo feminino.
Khelif foi liberada para competir no boxe feminino nas Olimpíadas de Paris, tendo sido desclassificada do Campeonato Mundial de Boxe Feminino do ano passado em Nova Déli por não atender aos critérios de elegibilidade de gênero.
A International Boxing Association (IBA), que administra os campeonatos mundiais, disse que os testes de DNA “provaram que elas tinham cromossomos XY e, portanto, foram excluídas”. Esses testes não foram tornados públicos.
A atleta não é transgênero. Ela nasceu mulher e já havia competido em torneio de boxe feminino.
O comitê olímpico disse que a decisão da IBA foi tomada sem “procedimento adequado”.
Khelif não foi a única a ter seu gênero posto em dúvida. Lin Yu-ting, de Taiwan, outra atleta que ficou de fora do mundial pelo mesmo motivo, também passou pelos mesmos questionamentos em Paris.
Elas vêm permanecendo em silêncio sobre a controvérsia, mas após a vitória de Khelif nas quartas de final, ela caiu em lágrimas e declarou: “Eu sou uma mulher”.
Em uma coletiva de imprensa na manhã de sábado (3), o presidente do COI, Thomas Bach, se manifestou contra o “discurso de ódio” direcionado a Lin e Khelif nas redes sociais.
“Temos duas boxeadoras que nasceram mulheres, que foram criadas como mulheres, que têm um passaporte como mulheres e que competiram por muitos anos como mulheres”, disse ele. “Esta é a definição clara de uma mulher. Nunca houve dúvidas sobre elas serem mulheres.”
O COI disse em comunicado abordando a controvérsia: “Assim como em competições olímpicas anteriores de boxe, o gênero e a idade dos atletas são baseados em seus passaportes”.
Como o público em Paris tem reagido?
Khelif encontrou apoio do público olímpico, com centenas de franco-argelinos comparecendo à sua luta nas quartas de final para mostrar apoio à lutadora.
Fonte: Yahoo News