Apesar de Paulo Freire ser endeusado no Brasil por certa ideologia, o meu desejo é que o seu método de ensino vá para o limbo na história da educação, e te explico o por quê.
Não estudei toda vida em colégio particular, e isso se deu ao descontentamento por parte dos meus pais com o meu aprendizado. Quando crianças, não sabemos distinguir entre o certo e o errado, não estamos na condição de questionar em sala de aula, mas absorver conhecimento, e foi então que numa dessas brincadeiras em casa de escrever o nome das “coisas”, apresentei erros tão grotescos e primários que a decisão imediata deles foi retirar as filhas do ensino público.
Diria hoje, como foi rotina nos lares na década de 90, “a merda já estava feita”, e então a dificuldade de aprendizado e os bloqueios mentais me arrastaram para a faculdade de jornalismo com uma mente obtusa à realidade, sem contar a colisão ideológica que gerava discussões entre mestres e alunos ao longo do período estudantil: os que se opunham viviam o inferno no cotidiano da faculdade.
O mais triste nessa estória deficitária na educação básica não foi a dificuldade para perceber a ideologia pregada nas salas de aula e reconhecer ao longo da minha infância e juventude o descaso por boa parte dos educadores brasileiros em sanar dúvidas, mas o gravame maior foi condenar as gerações das décadas de 80 e 90, os tais ‘filhos de Paulo Freire’ a um analfabetismo funcional.
Somente após os meus 25 anos, com ensino superior concluído e inserida no mercado de trabalho, eu reconheci a importância da leitura diária, desde a Bíblia à livros temáticos e moralmente enriquecedores, porque na hora de contratar e ser contratado, a língua portuguesa, uma das mais lindas deste planeta, “última flor do Lácio, inculta e bela”, como a define Olavo Bilac em seu famoso soneto de amor á nossa língua, é amante traiçoeira para quem não a domina.
Todavia, quando você mais precisa, ela não lhe socorre, e assim concluo desolada: o brasileiro precisa aprender sua língua mãe, que é essencial para a comunicação entre as pessoas, e o alicerce para um raciocínio critico e lógico.
Trago aqui dados alarmantes, segundo as estatísticas oficiais: o “Analfabetismo cai em 2019, mas ainda tem 11 milhões sem ler e escrever”, mas vou além, a revista Exame publicou que “40,8% das crianças brasileiras não foram alfabetizadas”, e para entender a questão geo-sócio-cultural-econômica dos nossos “Brasis”, as regiões Sul e Sudeste somam 96,7% de alfabetização em suas populações, tornando-se o centro econômico mais rico do país. E em contrapartida, aparece a região Nordeste com o menor índice de alfabetização, onde concentra 45% de brasileiros na miséria -(vivendo abaixo da linha da pobreza)-, cerca de 23,2 milhões de brasileiros, sobrando para o Nordeste a região que possui metade de toda a pobreza no Brasil.
O desenvolvimento econômico e social da nação só efetivará quando a educação for prioridade total sem equívocos ideológicos.
Temos todos, essa sagrada missão pela frente.
ARYANE GARCIA
Jornalista
aryanegarcia@hotmail.com