DJ JASSVAN DE LIMA
No ar: WKCR – 89.9 FM
Wednesday, 23h – 1h
Nas voltas que o mundo dá muita criação e descobertas seriam enterradas como obsoletas. Com o advento da Televisão só se falava do final da Rádio, OM, OC, FM. Ela continua mais forte ainda por Satélite (Sirus XM) ou pela Internet (TuneIn Radio) Podcast, etc.
No Dia da Loja de Discos (Record Store Day) novamente à palavra de ordem nos Jornais, TVs e redes sociais era a bolacha analógica: Vinil.
Vendas de discos de vinil rendem, financeiramente, mais à indústria musical do que o YouTube.Mas sites como o YouTube geram menos dinheiro para a indústria do que as vendas de discos em vinil. Um dos motivos é que as vendas de vinis neste ano foram as maiores desde 1988.
Nos Estados Unidos, os discos renderam US$ 416 milhões, enquanto os streamings ficaram em US$ 385 milhões. No Reino Unido, a venda de vinis foi de US$ 38,5 milhões e o streaming, US$37,6. Na França o streaming ganha por pouco: o vinil pagou US$12,6 milhões e o streaming foi de US$12,7 milhões.
Me lembro da primeira vez que toquei um acetato 78 RPM num Toca Discos (MotoPlay) era um garoto de dez anos, o disco era do cantor mineiro de Paraisópolis Carlos Gonzaga.
Em 1958 consegui comprar uma Radiola Portátil da Philips e fazer mil gambiarras com um rádio de mesa Semp, para aumentar o som da Domingueira Hora Dançante que começou a rolar na Cidade Satélite do Barreiro BH. Veio Elvis e Chubby Checker, o Twist me alucinava.
Voltando ao Vinil minha coleção já passava dos 250 LPs graças à loja do Raul (Goleiro do Cruzeiro), na Galeria Ouvidor no centro de BH, onde pelo menos uma vez por semana nossa turma tinha encontro marcado, não existiam os Shopping Centers .
Aos 16 eu cursava o científico no Colégio Marconi na Avenida do Contorno quando em um baile do Sesi na Cidade Industrial comecei a namorar uma menina do Eldorado cujo pai era Maître da Boate Estilingue que era top na época, foi aí que vi pela primeira vez uma cabine de DJ com uma mesa Garrard, Mixer e dois gravadores Ampex F44.
O DJ da casa logo disse: “…você pare- ce que gosta mesmo de música! Ai ga- roto! Aprenda a enrolar a bobina”. No final da noite me entregou um pacote e disse: “…aí está teu pagamento.” E ao abrir outra surpresa: quatro 45RPM importados, ainda me lembro de dois Bob Dylan Like a Rolling Stone e Simon & Garfunkel The Sound of Silence.
Em 1968,o dito ano que não terminou, começou bravo. A tal ditadura militar cada vez mais apertava o cerco. Foi nessa transformação que eu, um adolescente nos seus já legais 18 anos, mudei-me com a família de Belo Horizonte para Governador Valadares.
Na bagagem, levava do Colégio Marconi, o canudo de papel do curso chamado científico. O vestibular fracassado, ou seja, o estudo acadêmico não era meu forte.
Duas calças Lee, uniforme da época e o mais importante de tudo: muitos discos de vinil, compactos simples e duplos de 7 polegadas e a inseparável vitrola portátil da Philips comparada a prestação na Ultralar.
Mas isso não durou mais que 30 minutos e o pessoal foi pegando o transporte preferido da cidade, a bicicleta, e tu- do ficou vazio. Noite quente não queria voltar pra casa cedo. Caminhando em direção a Avenida Minas Gerais, logo na es- quina vejo luzes do tipo boate e chegando mais perto o Som de “I Wanna hold your hands” dos Beatles invadia a calçada. Tomei coragem e entrei. No palco um quinteto típico com seus terninhos no estilo invasão “Ingresa” mandavam ver covers perfeitas dos Beatles, Rolling Stones e toda a onda musical da época.
Montado em suas guitarras Giannini e amplificadores Mustang, “Os Escorpiões” era a melhor banda de baile da região. A casa tinha pouca gente mas a energia era muito boa. Sentei logo e com alguns cruzeiros no bolso, pedi ao garçom um Hi Fi. O guitarrista solo e lider da banda era Jaider de Oliveira. Ali formamos nossa parceria a realização de um sonho psicodélico; uma lojinha de discos chamada Blow Up Discos.